Certa vez apresentei na faculdade um trabalho sobre música. E como apresentar este tema falando? Simples: não falamos. A música fez o trabalho por nós. Ela tirou de nós a tristeza, o balanço, o desligamento do mundo, a força, a persistência, o amor, a alegria, a saudade, a raiva e até o tédio.
Hoje, voltando para casa, estava com uma sensação estranha, de não pertencimento, a lugar algum. Tentei então pensar em como poderia ser bom o não pertencimento, a fluidez pelo mundo, a mochila como casa… mas não funcionou. A sensação não deixava de ser ruim. Sei lá por qual estímulo lembrei que tive um peixe beta, uma fêmea, a mais linda beta fêmea que já vi, “uma peixa de personalidade“, como eu gostava de dizer. Era vermelha e a chamávamos de Angelina. Ela reagia à nossa chegada e até rolava um monólogo de vez em qdo; era um daqueles bons ouvidos, que ouve e não reclama (rs).
Tudo isso despertou a vontade de adquirir um bichinho de estimação e saí em busca do meu beta. No pet shop achei alguns betas machos, daqueles que deveriam ser bonitões, mas estavam tão sem cor e tão parados que a princípio achei que estavam mortos. “Esses sim, estão em crise de pertencimento“, pensei. Tão apáticos… Fui em busca de um peixe mais animado… e nada… Passei por uma loja de lã e vi cores lindas: lãs vermelhas, verdes, pretas, amarelas… eram estreitas, largas, barrigudinhas… Não resisti! Comprei algumas.
Voltei de sacola cheia, sem meu beta, feliz-alegre-e-contente para meu lar, e coloquei o som do PC para funcionar, exatamente na música que eu queria… e lá estava o New Radicals, dizendo que quando noite está chegando e eu não consigo encontrar um amigo, e eu sentir que o sonho está partindo… a música estava em mim, o mundo ia sobreviver, e eu não podia desistir da vida…
Daí entendi… Eu só precisava de um pouco de cor e um pouco de música, para o chão voltar para baixo dos meus pés.
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